@Trance vamos ser sinceros, quem vai investir num iPad Pro para uma utilização básica?
É que se for para umas brincadeiras esporádicas e consumir conteúdo, usar exclusivamente os dedos nem parece má ideia. Agora, pensa num use case mais intensivo (Pro?), que realmente possa usar o que o hardware tenha para oferecer, rapidamente andar a escrever no ecrã torna-se cansativo e para a interacção com o interface das mais variadas apps começa a fazer lógica algo mais preciso que a ponta dos nossos dedos.
Ok, compra-se um folio com teclado e o Apple pencil. Passamos a ter um teclado físico e um pointer ao estilo rato sem o ser. Quiçá um magic keyboard para ter touchpad/rato? Às tantas até fazia jeito um sistema de "janelas" mais versátil, enfim, um multitasking mais prático. No fim disto tudo, que imagem nos começa a surgir? Um MacBook com macOS. E
porque seria errado cortar o teclado do MacBook e integrar tudo no ecrã (ainda para mais quando há um SoC eficiente para isso)?
É exactamente o que se está a pedir aqui (por mim e outros), um iPad Pro verdadeiramente Pro na sua plenitude (incluindo SO). Para o resto (no sofá) temos o iPadOS num price point mais baixo com o SoC Axx mais comedido.
Não considero que a Apple esteja a fazer “double dipping“ nesta matéria. Considero em outras, nomeadamente sou bastante crítico das Policies da App Store no iOS, a par de modelo de pagamento de serviços com base revenue share. Não só “double dipping“ como a empresa por esta via faz-se cobrar por serviços e produtos não prestados!!! Exemplo, a Apple não produz, distribui ou vende musúca do Spotify, mas faz-se cobrar 30% por pagamentos in-app. Quem diz Spotify diz, Netflix, ou outros menores como um professor que venda aulas on-line, por exemplo um professor de música. A par do seu market share é claramente anti competitivo. Muito mais grave do que qualquer dos exemplos alavancados.
Isto tem implicações profundas no mercado. Por exemplo, a Apple acaba de lançar o serviço podcast pago. E cobra 30% ao Pod Caster pela venda de subscrições do seu serviço. Ok Nada de mal aqui. É um serviço da Apple, nice! Mas se o Spotify for fazer o mesmo com uma app criada por só para o iOS, tem que deixar 30% para a App Store, e se for cobrar 30% ao PodCaster, este no final fica apenas com 40%. Obviamente o serviço da Apple fica logo em vantagem. Com a agravante que nesse caso de forma alguma criou, ou providencia a infrastturura para distribuição e venda de subscrições PodCast, seria a Spotify a fazer isso. A Apple obriga que o serviço aceite a empresa como vendedor para ter acesso aos clientes do Spotify com dispositivos Apple. O resultado é que a empresa para competir tem que dar esse serviço á borla.
Não existe voto com a carteira. É um forma de pensar até inconstitucional. Niguém votou para que a Apple possa fazer-se cobrar por serviços e produtos que não foram criados, desenvolvimento, distribuídos ou vendidos por ela. As pessoas como eu gostam do dispositivo, da sua performance e funcionalidade e compraram-no. Só e apenas isso, não votaram a favor desta prática, nem a prática é razão deste valor. Em suma, uma coisa não tem rigorosamente a haver com a outra. Qualquer ligação é farsa.
Não sendo por definição o Cartel, a Apple os seus produtos e serviços que no ambiente normal seriam destintos e independentes, como um Cartel.
DISCLAIMER: Eu sou co-fundador de ume empresa com um serviço digital B2B que poderia ser B2C. A Apple não nos ajudou em nada a criar este negócio, nem se quer pensámos nisso. No entanto se fizéssemos uma app para o iOS iríamos de ter que dar 30% do revenue das nossas vendas na App, não é um preço justo. Não temos qualquer problema em pagar por aquilo que usamos, como fazemos por exemplo com a Cloud Azure, e Amazon. Mas 30% do revenue por um serviço de distrubuição de apps é um abuso total, tanto do cliente como do prestador de serviços digitais, e fazer-se obrigar como vendedor para aceder entidades que são já cliente então é mesmo coisa de racketeer. É aceitável que se pague pelo serviço e distribuição da App, não é aceitável que se obrigue como vendedora, a vasta maioria do serviços digitais não precisa da Apple para isso, precisa sim de ter acesso aos seus clientes nos dispositivos por eles comprados. São abusos atrás de outros abusos neste modelo da App Store. É efectivamente a oficialização de que num sistema capitalista pode-se fazer cobrar por coisa nenhuma no ambiente certo, típico de gestão tipo Cartel.
Mas nada disto tem a haver com o
iPad Pro e a sua utilizada de ou não para profissionais. Se é limitado ou não.
De volta ao tema, creio que seria útil uma thread sobre o uso Profissional do iPad e iPad Pro. Creio que é um dispositivo pensado para profissões e actividades que o PC não foi. Eu adoro este facto, e tem dado muito bons resultados. Por essa via, pode quebrar alguns estereótipos sobre a computação. E quiçá, alguns descobrirem novas formas de trabalhar com dispositivos computacionais mais eficientes e versáteis, como outros já encontraram. O meu problema é que não tenho tempo para dinamizar uma coisa dessas.
Um facto é este. Neste momento a empresa oferece:
- O melhor tablet do mercado, tanto para uso recreativo como profissional. A maior performance e o melhor UI para o efeito.
- O PC/iMac portátil de entrada com a maior performance do mercado. Rivalizando com o que anteriormente era considerado performance de Workstation. Isto com o macOS, um reconhecido OS para portáteis de desktops.
- E lança um desktop com um design único, cuja performance só daqui alguns dias vamos ver.
A Apple neste contexto está muito bem e porta-se como líder e mercê totalmente o sucesso nas vendas. Não creio que esteja a fazer algo de mal de todo. Super. Mas que de facto há dentro da empresa neste momento algo Podre que as entidades governamentais têm que ter mão firme para que o futuro não fique prisioneiro destas mega empresas, isso sim. Fazer-se pagar por coisas que não têm nada a haver com ela obrigando-se como vendedor by Policy é abuso de poder ... certamente conseguirá dar o seu contributo para a segurança e privacidade de outra forma, não?
Abraço.