De facto a Nintendo já não anda atrás desse público. Resta saber de qual é que anda e com que resultados, mas isso é outro tema. E não me parece que os "jogos" de fitness do Kinect colidam propriamente com o Candy Crush ou o Angry Birds ou que existam aplicações para o telemóvel que consigam criar simulações idênticas com um mesmo grau de integração/envolvência.
É um facto, mas isto não é acerca da Nintendo, é acerca do mercado.
A Nintendo fez muitas leituras erradas em tempos recentes e isso é um facto, o marketing deles também passou de bom a menos bom e depois mete-se conjectura de mercado (o que as third parties gostam ou deixam de gostar) e tudo o que queiramos no caminho. A verdade é que isto não está particularmente bom para ninguém face há uns anos atrás, duvido que as vendas cumulativas desta geração acabem como as da geração passada onde se venderam ~260 milhões delas. (na geração antes desta só se venderam quase 200 milhões e é a contar com o facto da PS2 ter continuado a vender que nem pipocas mais 6 anos)
Há demasiada concorrência e indefinição hoje, a começar com televisões com android e a acabar no PSNow.
Facto é que eles entendiam essa demografia casual de uma forma que a Microsoft nunca compreendeu e optaram por não se focar nela desde antes do lançamento da Wii U (o clear cut aconteceu com o fim da DS, diria), e por mal que a estratégia para reconquistar o core gamer tenha corrido eles não estavam errados nisso. O cliente casual não é fidelizável e a estratégia deles sempre foi:
1. Gateway Drug (Wii Sports, Wii Fit)
2. Bridge Title (Super Mario, Zelda)
3. Hardcore (Fire Emblem, Sin and Punishment, etc)
A ideia era os jogadores pelo menos chegarem ao bridge title por curiosidade e quem sabe ficarem fidelizados (passarem a ser "gamers")
A Microsoft nunca teve uma estratégia pensada assim (nunca tiveste a nomenclatura de bridge titles internamente), e dava para perceber isso quando tinhas jogos do Kinect
que se jogavam sozinhos e a microsoft a lançar ela mesma shovelware para o Kinect. A Nintendo nunca lançou shovelware, também implicitamente nunca tratou o cliente como se ele fosse estupido.
O que se passa é que a Microsoft sofreu do que todas as third parties a fazerem titulos casuais sofreram, as pessoas que estavam a fazer estes jogos não os queriam fazer, não compreendiam este publico e achavam-no estúpido. É como ires pegar num jogo para crianças, as equipas que os fazem são frustradas, acham que os putos são atrasados mentais e por isso os jogos são lixo, até um macaco maneta os acharia fáceis
É por isso que a insistencia cai mal, porque eles não entendem este mercado, têm todos os indicadores para chegar às mesmas conclusões onde toda a gente já chegou mas parece que não gostam de somar 1+1. E a Microsoft internacional pouco a pouco já lá está a chegar, diga-se - estes ontem parecia que não receberam o memorando interno.
A critica não é o jogo existir, espero que preste... O novo Wii Fit U presta e é mais core que os anteriores. Simplesmente quando a tentarem vender uma consola para 5 anos não se focam nele, é-me lógico.
Estes tipos tinham muito pouco tempo para vender a consola e em vez de se focarem no bom bridge title que têm (Forza, quem joga Forza e GT muitas vezes nem é gamer) focaram-se no jogo casual que não vende consolas de 400 euros.
O Kinect na 360 foi comprado maioritáriamente por pessoas que tinham a 360 na sala e não tinham pretenções de comprar uma Wii (e era um investimento "barato" por isso) para a familia/putos/esponja/namorada jogar.
E esse mercado encolheu astronómicamente a partir do momento em que há smartdevices e a userbase para todos os fins e propósitos voltou a ser 0. Além de que as pessoas não entendem como aconteceu em primeiro lugar.
Todas as consolas no lançamento vendem primariamente a gamers, são os gamers que criam momentum ou não, as massas vão atrás do que parece popular. Como dizer que um produto tecnológico é primeiro comprado por quem liga a isso.
Quem vendeu Wii's inicialmente não foram os casuais, quem comprou o Kinect quando ele saiu não foram os casuais em massa.
O Wii Fit e o Kinect sairam já havia userbase, eu tenho um Wii Fit em casa (não fui eu que o comprei) e nunca o usei, o que se passa é que eram consolas de sala por isso toda a gente tinha acesso a elas, estavam disseminadas ao ponto de esses acessórios fazerem sentido. Mas na realidade... não vendiam por eles. Na maior parte das situações já estavam vendidas e por isso tornou-se um investimento mais pequeno, um add-on.
Se não houvesse uma Wii na sala cá em casa o Wii Fit nunca teria aparecido porque a Wii era um investimento maior, mas a consola não foi comprada para jogar jogos casuais. Assim como um iPad normalmente não é comprado para jogar mais do que navegar na net, é mera conjuntura da conveniencia.
Isto é tão óbvio como dizer que o primeiro jogo da maior parte das pessoas que compraram uma PS3 ou X360 (ou o que seja) não foi o Rock Band com os instrumentos todos. Isso é um nicho... Investimento inicial muito caro. A maior parte das pessoas nem compra um segundo comando nos primeiros 6 meses, há estudos disso.
Eles deviam ter-se focado noutra coisa, e se queriam vender o Kinect Fitness ou que raio é aquilo deviam ter ido buscar uma rapariga que desse a ideia que gostava e sabia o que estava a fazer. É simples e são elas o público alvo afinal de contas.