Viewtiful Joe (VJ) é um jogo desenvolvido pela equipa "Team Viewtiful", da Capcom. Os outros jogos da série, incluindo a conversão para PS2 do primeiro jogo (que contava com a participação de Dante, de Devil May Cry), foram feitos pela mítica Clover Studio. Coube a Atsushi Inaba (mente por detrás da série Phoenix Wright) a tarefa de liderar o desenvolvimento de todos os jogos de Viewtiful Joe, primeiramente na Capcom Production Studo 4, depois na Clover Studio. Numa entrevista, Inaba declarou: "Nós queríamos criar um jogo difícil, com visuais incríveis e uma jogabilidade fluida." Como um fã de longa data de super-heróis, o objetivo de Inaba era combinar o tradicional tokusatsu japonês com os comix americanos.
O primeiro jogo foi exclusivamente produzido para a Nintendo GameCube, em 2003, e fez parte do famoso Capcom Five, cinco jogos exclusivos da Capcom para a consola da Nintendo, embora Viewtiful Joe e Resident Evil 4 tenham, posteriormente, recebido conversões para a 128 Bits da Sony.
Viewtiful Joe é daqueles projetos arrojados e arriscados, pois aposta num género totalmente moribundo no ano 2003, ao apresentar um beat em ups em scroll horizontal, género extremamente popular na época da Mega Drive e da Super Nintendo e que morreu com o aparecimento do 3D no mundo dos videojogos. Viewtiful Joe ressuscita assim um género que se encontrava morto e fê-lo com grande qualidade e mestria, sendo um grande tributo da Capcom.
O motivo para o arraial de porrada que o jogo nos oferece é ultra-cliché, mas eficiente. Enquanto que o protagonista, Joe e a sua namorada Silvia estão no cinema durante um encontro, Silvia é raptada pelo antagonista do filme e levada à terra dos filmes: Movieland. Cheira a Double Dragon a mais alguém? Joe consegue seguir Silvia e entra na Movieland, tendo a tarefa de resgatar a sua amada, que foi feita prisioneira da maléfica Jadow, a organização de vilões do jogo. Para ajudá-lo, Captain Blue confia-lhe o V-Watch, que possibilitará que Joe se transforme num super-heroi, com direito a fato de licra e tudo!
Graficamente o jogo era muito bonito, ao apresentar um estilo cel-shaded bastante bom, que se adequa perfeitamente ao género de jogo e ao ambiente que Viewtiful Joe quer transmitir. Destaque também para o sistema de combate, em que são utilizados os Viewtiful Effects (VFX) Power", ou seja, Joe pode utilizar truques de câmera, caracteristicos dos filmes de cinema, como Slow, o Match Speed ou o Zoom In para despachar com mais estilo as hordas de inimigos com que se vai deparar ao longo da sua demanda.
Para além disso, é também muito importante a forma como se elimina os inimigos, ou seja, quanto mais estilo tivermos na arte da matança, mais pontos recebemos. Estes pontos são posteriormente utilizados para gastar na loja, onde podemos comprar corações ou novas técnicas de lutas, todas elas com um efeito visual excelente e que são merecedoras da nossa compra.
De destacar também a dificuldade do jogo, pois tal como os jogos de outrora, chegar ao fim de VJ não é tarefa fácil, sendo natural perder-se várias vidas até se conseguir dominar convenientemente determinada fase do jogo.
Ao contrário do que muitos poderiam esperar, o sucesso do VJ original foi suficiente para a Capcom fazer uma merecida sequela. Viewtiful Joe 2 foi desenvolvido pela Clover Studio e publicado pela Capcom, sendo lançado em Novembro de 2004 para GameCube e PlayStation 2 (esta versão, mais uma vez, contava com a participação de Dante). A principal inovação deste segundo jogo era a inclusão de Silvia como personagem jogável, que introduzia nos combates a opção de "Replay", dando assim origem a novos puzzles e a novas formas de esbofetear inimigos. Embora seja mais do mesmo, VJ 2 tem muita qualidade e merece ser jogado por todos aqueles que deliraram com o titulo original.
Embora fosse um projeto extremamente arriscado, a verdade é que os dois titulos da série conseguiram conquistar um lugar entre as preferências dos jogadores, sendo extremamente bem recebidos e aplaudidos pela crítica especializada e pelos jogadores, em especial por aqueles que deliravam com os beat em ups em scroll horizontal, da saudosa era dos 16 Bits. Quem, como eu, passou a infãncia agarrado a Streets of Rage, Double Dragon, Gunstar Heroes, Comix Zone, Final Fight, entre outros, Viewtiful Joe foi, em 2003, um autêntico doce, que grande prazer deu jogar.
O sucesso dos dois jogos foi de tal forma que foi feita uma adaptação do jogo para anime foi ao ar na estação televisiva japonesa TV Tokyo, durante o ano de 2004, chegando aos E.U.A em 2005.
Viewtiful Joe é mais um clássico da geração transata que merece ser jogado, sendo de louvar a coragem e ousadia da Capcom em apostar num titulo desta natureza, mas são exatamente este tipo de projetos que resistem ao teste de tempo e que são recordados com mais carinho pelos jogadores, com o passar dos anos. Quem gosta de um bom beat em ups à antiga tem de ter estes dois jogos.
É tão simples quanto isto.