Opinião Preconceito sobre os videojogos na sociedade/no agregado familiar

YoungGrumpyMan

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Este tópico é mais um desabafo que outra coisa. Eu a semana passada encomendei o Ghost of Tsushima para aproveitá-lo aquando do lançamento. O jogo acabou por só ser enviado na 6a, e chegou na 2a. Contudo, ao chegar a casa, foi recebido e prontamente "escondido" pelos meus pais, que o enfiaram num canto. Só hoje o descobri.

Enfim, mais alguém tem de gladiar com os pais em relação ao seu hobby preferido? Se calhar a idade média daqui do pessoal do Zwame até é bem superior à minha, que não há muito saí da faculdade.

Por causa da pandemia voltei à minha terra-natal, e estar com os meus pais tem muitos aspetos positivos, mas um dos mais negativos é um constante julgamento e repressão da parte deles em relação ao meu hobby favorito. "Larga essa porcaria", entre outras frases são comummente proferidas. Poderia estar o dia todo a ler, mas se pego na consola umas horinhas, já sou um agarrado. Passo o fim de semana a fazer uma panóplia diferente de atividades, mas se pego no jogo sou logo um drogadito. E mais sou uma pessoa em teletrabalho, não é como se a única coisa que fizesse é jogar todo o dia sem parar.

Enfim, isto tem a ver com o estereótipo negativo que o gaming ainda possui na sociedade. Lentamente caminhamos para uma sociedade mais aberta a este tipo de passatempos, por exemplo a minha geração acho que é bem mais compreensiva neste aspeto, mas a geração dos meus pais, enfim... Já não vejo que haja grande coisa que eu possa fazer, já tentei por várias vezes explicar o meu ponto de vista em relação aos videojogos, mas parece que estou a falar com uma parede. Esta de esconder o jogo é o pior exemplo deste tipo de atitudes com que já tive de lidar, e foi também o que me levou a vir aqui partilhar a minha experiência.

Espero deste tipo de situações levar uma quase lição de vida. O que quer que os meus filhos (se os tiver) queiram fazer nos tempos livres, pois deixá-los-ei fazer, independemente do que seja, desde que não os prejudique e os deixe feliz. Claro que não precisaria de passar por este tipo de situações para ter esse pensamento, mas pronto, ajuda a colocar as coisas em perspetiva.

O que acham? Já passaram por experiências semelhantes? Se calhar alguns de vós até são pais, pelo que agora estão do outro lado da moeda. :D
 
Sou claramente mais velho que tu, mas tratando-se de alguém que "não há muito" saiu da faculdade, diria que tens mais que idade para fazer o que te apetecer.

Jogo videojogos desde muito pequeno, tive acesso a computador (um 386) desde os meus 7-8 anos e internet muito pouco tempo depois de aparecerem os primeiros serviços (ainda com modem 128Kb que ocupava a linha telefónica). Os meus pais nunca tiveram uma apetência para a tecnologia, mas parece-me que perceberam desde muito cedo que dominar o mínimo de informática seria importante no futuro, e que eu e a minha irmã tinhamos de ter acesso a esses meios.
Dito isto tinha direito a um novo jogo no natal e anos e muito pouco mais. Se era para comprar era para disfrutar e aproveitar, se não corresse bem, azar.
Nunca me imposeram limites para jogar (excepto quando os jogos eram novinhos e jogaria 2 dias seguidos se me deixassem) mas também porque sempre pratiquei desporto activamente e nunca deixei de ter vida social.

Enfim, isto para dizer que tive muita sorte.

Posto isto, dado que já és adulto e emancipado o conselho que te dou é saires de casa dos teus pais. Se até agora não compreenderam que é um passatempo como outro qualquer, não vejo como mudará no futuro.
A alternativa é continuar às turras. Enquanto viveres aí as regras (por mais absurdas que sejam) vão ser as deles...

Já agora, em jeito de provocação, contabiliza o tempo que passam à frente do televisor de forma passiva.
 
Posto isto, dado que já és adulto e emancipado o conselho que te dou é saires de casa dos teus pais.
Não apanhaste um detalhe:

Por causa da pandemia voltei à minha terra-natal

Ora, eu fiz a faculdade e trabalhei ano e meio em Lisboa, longe da "terrinha" onde estou agora. Há anos que já não habitava com os meus pais durante um tempo tão prolongado. Por causa da pandemia é que voltei aqui. A minha empresa decretou que estaríamos todo o 2020 em teletrabalho, pelo que não fazia sentido continuar numa das zonas mais contaminadas do país, onde alugava casa.

Em Lisboa faço o que quero e jogo o que quero, como é óbvio! Por enquanto é que tenho de levar com isto, aha.
 
os videojogos ainda são vistos de lado.

se uma colega tua chegar ao trabalho e disser "estou cheia de sono, deitei-me á 1 da manhã porque estive a ver o big brother", ninguém diz nada, e acha "normal" mas se fores tu a dizer "estou cheia de sono, deitei-me á 1 da manhã porque estive a jogar playstation até essa hora" todos te olham de lado.
 
Quando era criança nunca tive grande problema com os jogos até porque a escola ia bem, fazia outras coisas, tinha amigos portanto ... nicles. O meu irmão igual e ele ainda jogou mais que eu porque ainda apanhei uns anos que não havia disso. Ele fez a escola toda, agora é empresário, e ia a minha mãe dizer larga lá isso? Lol.

Isso acontecer quando já estás na época do teletrabalho acho um bocado disfuncional, até considero uma tremenda falta de respeito alguém se achar no direito de mexer no teu correio. Com todo o respeito parece-me que os teus pais ainda não perceberam que já cresceste qualquer coisa.

Com o meu filho adopto a atitude de procurar antes influenciar no sentido que eu considero mais positivo. Já consegui alguns resultados, em vez de jogar aquela bosta do Fortnite, joga Zelda. Passo-me é que os canais estúpidos brasileiros no Youtube, essa porcaria está toda barrada.
 
No meu trabalho tenho vários colegas que mandam aquelas bocas de eu jogar imenso, eu por vezes respondo que jogar é igual a quem vê séries ou telenovelas. Qual a diferença entre eu jogar o dia todo e uma pessoa passar o dia todo a ver séries? Não é nenhuma.

Ainda outro dia um disse que eu passava o tempo todo a jogar e nem saía. Eu respondi "Nos últimos 5 anos já estive em 9 países diferentes, e mais do que uma vez em alguns deles, enquanto que tu nem daqui da zona sais." Nem respondeu!

Mas também no meu local de trabalho há de tudo, desde drogados a bêbedos que é bem pior do que jogar.
 
Sofria quando dependia dos meus pais para comprar os jogos, era 1 ou dois por ano, razão pela qual repeti mais de 50 vezes jogos como o streets of Rage, Revenge of Shinobi, golden axe, Itália 90, super hang on, Tetris etc etc e acabaram por ser jogos que definiram a minha adolescência e no qual ainda hoje os jogo.

Quando comecei a trabalhar acabou isso tudo e de certa forma comecei a ter tudo o que me foi negado na adolescência como uma BMX, sim com 40 anos tenho e ando de BMX, adoro, sempre quis ter uma em miúdo.
 
Vou a caminho dos 43 anos , aos meus 16 , 17 anos os meus pais também não achavam piada aos jogos, pareces uma criança , andas a gastar dinheiro em joguinhos blá blá . Hoje em dia sou casado pai de 2 filhos 3 e 9 anos e 0 stresses . Temos cá em casa uma ps4 slim , uma one x , uma one , 2 x 360 e uma wi no outro dia a minha mãe até comentou com a minha esposa , antes ele estar entretido por casa que na rua nos tascos. Como vês amigo a vida dá muitas voltas, o que os teus pais fizeram não é correcto mas pode ser que daqui a uns tempos lhes caia a ficha. Abraço.
 
Educar e aturar os filhos é complicado. O que é que muitos pais fazem para entreter os filhos? Metem-nos em frente a uma televisão ou arranjam um brinquedo para eles interagirem com a televisão e ficarem mais horas sem chatear.

Agora não encontro o clip, mas há uma cena do Family Guy em que está um gajo rico à lareira a ler o jornal e o filho vai ter com ele. Ele chama a empregada dizendo que "ele" está a fazer barulho outra vez e a empregada vai buscá-lo.

Para muitos pais uma consola é como uma chucha, é algo que se usa até determinada idade e depois já se cresceu para não a usar mais. Claro que nem tudo é binário, não estou aqui a dizer que quem compra uma consola aos filhos só usa aquilo para eles estarem sossegados e não gosta deles e/ou os trata mal, mas acho que para bom entendedor meia palavra basta.

A partir de certa idade os pais querem é que os filhos façam outras actividades mais "adequadas à idade", andar atrás das gajas, começar a beber. Quem nunca ouviu um pai gabar-se com todo o orgulho que o filho de 14 anos já bebe com ele a todas as refeições? Por isso um filho com 15, 20 ou 30 anos que ainda tem o hábito de jogar jogos desde os 5 anos, é um filho que ainda precisa de crescer (ver o exemplo da chucha).

Com os pais a solução é tentarem arranjar o vosso cantinho para não terem de dar justificações a ninguém. Com colegas de trabalho o melhor é estar calado para TUDO! Ser uma pessoa com interesse em aprender e gostar de ler uma coisinha ou outra irrita muitos. A COVID-19 é um bom exemplo. Se procurarem fontes credíveis, estudos científicos da coisa e tentarem discutir isso com alguém vocês são cromos e/ou não vos dão muita conversa. Mas se disserem que "viram no face" uma porcaria qualquer sem qualquer tipo de fundamento que se espalha à velocidade da luz já se gera alguma discussão.

Vou a caminho dos 43 anos , aos meus 16 , 17 anos os meus pais também não achavam piada aos jogos, pareces uma criança , andas a gastar dinheiro em joguinhos blá blá . Hoje em dia sou casado pai de 2 filhos 3 e 9 anos e 0 stresses . Temos cá em casa uma ps4 slim , uma one x , uma one , 2 x 360 e uma wi no outro dia a minha mãe até comentou com a minha esposa , antes ele estar entretido por casa que na rua nos tascos. Como vês amigo a vida dá muitas voltas, o que os teus pais fizeram não é correcto mas pode ser que daqui a uns tempos lhes caia a ficha. Abraço.
Por curiosidade, nunca mandaste a piada à tua mãe sobre o que ela dizia quando eras adolescente?
 
Nop não vale a pena , mas este tópico também me despertou para outro aspecto o pessoal mais maduro tipo dos 40 para cima fala abertamente que o faz com amigos, conhecidos se tal se proporcionar? Ou ficam acanhados com medo de ser julgados.
 
Não apanhaste um detalhe:



Ora, eu fiz a faculdade e trabalhei ano e meio em Lisboa, longe da "terrinha" onde estou agora. Há anos que já não habitava com os meus pais durante um tempo tão prolongado. Por causa da pandemia é que voltei aqui. A minha empresa decretou que estaríamos todo o 2020 em teletrabalho, pelo que não fazia sentido continuar numa das zonas mais contaminadas do país, onde alugava casa.

Em Lisboa faço o que quero e jogo o que quero, como é óbvio! Por enquanto é que tenho de levar com isto, aha.

Continuas a alugar a casa sem lá estar? Ou seja, só saiste por razoes de segurança e não económicas? Se sim, eu voltava para Lisboa.

Confesso, fiquei chocado com essa atitude dos teus pais. Esconder a encomenda? Afinal quem é que precisa de crescer? :D Quando disseste que eras relativamente novo imaginei um puto de 15 anos, depois vi que já trabalhas. Acho ridiculo. Há ai alguma coisa mal resolvida. É natural que gerações mais velhas tenham algum preconceito com os jogos. Não cresceram com eles e ouve-se muita asneira na comunicação social no entanto há atitudes que não se justificam...e se já lhes explicaste...enfim, não faz muito sentido para mim.

Os meus pais têm os seus 60 e poucos mas nesse aspecto tive sorte porque sempre me deixaram jogar...ainda me lembro de o meu pai me aparecer com uma mega cd em casa sem mais nem menos (nem fazia anos lol). Senti-me o maior da aldeia (literalmente). Claro que não virei um sem vida e da maneira que me davam as consolas também me obrigavam a estudar portanto sempre houve trade offs e foi relativamente tranquilo com isso. Houve uma altura mais recente que até a minha mãe andava viciada na nintendo ds...mais que eu :D...

Enfim, depende das gerações e da abertura de cada um, acho que nesse aspecto tens azar mas não te sintas especial porque de certeza que não serás o único nessa situação.

De resto, os meus filhos acho que vão ter sorte...se o pai tem centenas de jogos na estante, não tenho muitos argumentos do meu lado :D. Tudo com peso e medida, haverá espaço para tudo na vida dos miúdos, videojogos farão parte com naturalidade.

Agora também vou sincero, não gostarei de ver o meu filho fechado 8h a jogar fm...prefiro que jogue 4 e outras 4 vá para a rua abrir uns joelhos a andar de bicicleta ou skate por exemplo...
 
Última edição:
sim existe, mas sinceramente não sofri muito com isso, até porque foram eles (pais) a oferecer-me as primeiras consolas, é mais com outros familiares meus, que tiveram que engolir o sapo alguns anos mais tarde. é a vida
 
No meu caso os meus pais pareciam duas pessoas bipolares. Na hora de comprar um novo jogo OU se eu passasse horas a fio a jogar, tinha-os sempre em cima de mim a dar-me na cabeca. Quando eu passava longas horas fora de casa com os meus amigos eles insistiam que todo o investimento em consolas e jogos era mal feito pois nao jogava tempo suficiente que compensasse o dinheiro que se gastava nos jogos.

Hoje em dia eles pensam de maneira diferente. Tenho uma irma mais nova que adora consolas e toda a area gaming e noto que os meus pais ate a encorajam a jogar.
 
@YoungGrumpyMan vou-te ser sincero prefiro mil vezes ter um filho/filha que goste de jogar videojogos a ir a discotecas.
Claro que não estou a falar em estar sempre fechado, naturalmente terá que fazer algo mais além desta activade, mas desde que seja dentro dos limites do aceitável, até me farão um pai super babado :D.
Os meus pais no inicio também eram um pouco semelhantes aos teus, não tão extremos mas de vez em quando lá gostavam de mandar as "piadinhas". Ao longo do tempo eles compreenderam o meu gosto. E pelo meio também lhes perguntei se eles preferiam que o seu filho tivesse o vicio de beber ou fumar, por exemplo.
Lá aceitaram, e à medida que ia crescendo, que o meu hobby não afectava a escola, que depois com o trabalho não andava a "torrar" dinheiro em jogos, conformaram-se. E a realidade é esta, não tenho vicios para além deste.

E no teu caso é igual, estás na faculdade ( e faço votos que tudo corra bem e te formes), trabalhas e se os jogos não te afectam isso, então e desculpa a rudeza das palavras, os teus pais não tem "voto na matéria".
 
E no teu caso é igual, estás na faculdade ( e faço votos que tudo corra bem e te formes), trabalhas e se os jogos não te afectam isso, então e desculpa a rudeza das palavras, os teus pais não tem "voto na matéria".
Eu já me formei, licenciatura, pelo menos. Desde então tenho trabalhado. E não, os jogos não afetaram os estudos, nem tão pouco as perspetivas de emprego :D
 
Eu já me formei, licenciatura, pelo menos. Desde então tenho trabalhado. E não, os jogos não afetaram os estudos, nem tão pouco as perspetivas de emprego :D

Então ainda mais me ajudas. Entretanto lembrei-me que houve uma altura que estive desempregado e muitas vezes depois de passar os dias no pc e/ou ir fisicamente aos sitios para mandar os curriculos, lá pegava um pouco na consola. E os meus pais lá mandavam a laracha a tal " larga essa porcaria".
Pelo que dizes dificilmente os teus pais irão mudar a forma de pensar, mas já agora uma questão quando dizes que eles te esconderam o jogo, eles abriram e viram o que era ? Ou foi pelo facto de ter sido uma compra online ?
É que os meus pais também eram um pouco apreensivos a isso, a minha solução foi comprar coisas para eles. Assim que o meu pai começou a receber relógios porreiros a preços mais baratos que cá, a minha mãe a receber produtos de beleza e chás que nem sequer existem por aqui, pronto :D.
 
O mais triste, é que és o maior se fores ao casino, apanhar uma moca e estourares 500€.

Mas jogar em casa é uma vergonha.
 
Última edição pelo moderador:
Há quase 10 anos atrás estava no meu escritório a trabalhar, com a porta aberta.
Em frente do meu escritório tinha outro, onde trabalhava a engenheira de ambiente.
Ela era praticamente da minha idade, trinta e poucos anos, bonita, solteira, mas daquelas que parecem um pouco loucas e perigosas.
Essa engenheira estava na conversa com um colega sobre namorados e casamentos, coisas do género.
A certa altura só vejo essa engenheira a passar à minha porta, encosta-se na porta e no meio de algumas frases sai uma pérola.
Algo do género de: " Jamais me casava ou namorava com um homem que ainda jogasse jogos."

Nem sei se ela sabia que eu jogava videojogos, ou não. Se aquilo foi uma indirecta para mim, ou mera coincidência.
Mas como não passávamos de meros colegas de trabalho, que pouco mais falávamos fora de questões de trabalho, preferi ignorar.
Mas foi um pouco surreal.

Nessa mesma altura tive outra semelhante. Tinha uma técnica de segurança a trabalhar comigo.
Dava-me muito bem com ela, praticamente bons amigos.
Curiosamente, numa conversa entre vários colegas, ela diz praticamente a mesma coisa.
Neste caso, como era um pouco mais próximo dela, custou-me um pouco ouvir tal coisa.
 
Aqui nunca houve stress, fosse na época em que passava um dia inteiro, como no ano que reprovei o ano...
Foram eles que me compraram primeiras três consolas, a primeira foi para aí aos 5 ou 6 anos.
Eventualmente lá acharam que talvez fosse jogos a mais, mas sempre lhes disse, não fumo, não bebo, não me Drogo nem ando a roubar logo pouco tinham para contra argumentar, embora jogasse muito, também andava de skate e praticava desportos logo não era um bicho anti social.

Eventualmente fiz a minha licenciatura em direito onde não arranjei trabalho na minha area, mas sempre encontrei trabalhos, logo acho que no final tudo correu bem, tenho uma filha com 6 anos que já adora jogar, outro filho a caminho que muito provavelmente também adorará.

Ainda no fim de semana fui almoçar com os meus pais, e ouço o meu pai a comentar com a minha mãe e andavas tu a dizer que o rapaz já não jogava, há de jogar até bater as botas.

Mas também te digo que se alguém me abrisse correspondência sem autorização dava logo asneira.
 
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