Do pessoal que conheço o maior problema é quando o arquitecto acha que como artista que é (e é, ou melhor também é) que ninguém pode interferir na obra de arte dele especialmente o otário que paga a conta.
E às vezes o problema nem é a conta, são as opções artísticas.
Depois também me parece que há o problema de haver pessoas que acham que o arquitecto é um gajo que está lá para assinar uma coisa qualquer e pirar-se e não chatear durante a construção.
É isso um bocado o que referes.
Só faltou falar de falta de disponibilidade das pessoas para pagarem um projecto decente e 'completo' - execução, com mapas de quantidades - para que tenham orçamentos realistas. Por mais rigoroso que seja, num projecto de licenciamento qualquer orçamento vai ter sempre um bocado de 'subjectivo' e depois..'em obra se vê'.
Daí os desvios.
Isto também sucede com projectos 'de vão de escada' mas como tendencialmente estes são 'caixotes simples' que qualquer empreiteiro de esquina já leva 'mais de 30 anos a fazer' os orçamentos no final não fogem tanto.
Eu às vezes pergunto-me se a malta de arquitectura durante os estudos não tem algum contacto com orçamentação e vida prática: preços de soluções, materiais, técnicas, etc. É que se põem puxadores em ouro, convém que o dono de obra tenha dito a priori que tinha um orçamento ilimitado.
Também acontece com engenheiros, em particular académicos, que propõem determinadas soluções que custam 800€ e estão amortizadas no 1º ano. Vais a ver e custam 8000€ porque nunca foi feita nenhuma consulta ao mercado antes de propôr a solução.
Isto é um pouco em jeito de desabafo, pois chateia um bocado em contexto empresarial falar com malta que não tem grande contacto com a vida real.
O que referes muitas vezes também se deve a interesses 'encapotados'.
Uns têm a sua própria linha de 'acessórios' [torneiras, puxadores, sanitários, perfis de caixilharia e mais não-sei-o-quê] em que é mais que óbvio o interesse em colocar '
os seus' acessórios. Outros não é tão óbvio porque não têm a sua assinatura, mas têm os seus interesses em que seja aplicado determinados materiais/soluções em detrimento de outros.
Outros casos é incompetência pura.
Na minha opinião não tem muito a haver com o período em que se estuda. Tem a haver com a prática ou falta dela.
Os preços dos materiais é algo que tem bastante variação e também em termos de evolução dos mesmos e novas técnicas, é quase tipo médico, tem que ir havendo acompanhamento e estudo do que vai surgindo.
O sector da construção difere um bocado de outros, os montantes envolvidos são muito altos, as pessoas [profissionais e clientes] procuram a 'informalidade' aka fuga a impostos, boa parte dos profissionais do lado da construção não tem muita formação e só recentemente com a maior legislação e 'crise' é que começaram a tentar evoluir, a generalidade da população tem pouca cultura e não dá o devido valor à parte dos projectos e devida orçamentação e 'confia' na conversa que os arquitectos são malucos, os inginheiiros também metem ferro a mais e o construtor que 'faz casas à mais de 30 anos' é que sabe.
Atendendo à formação/cultura média [do lado de clientes e de alguns construtores] e montantes envolvidos existe muita 'informalidade' em tudo, bem mais que em sectores empresariais de montantes inferiores, semelhantes ou ainda mais elevados, onde os intervenientes têm formação mais elevada e hábitos de analisar a relação custos/proveitos, entre outros.
A tendência é isto vir a melhorar, mas é coisa que leva o seu tempo.
Claro que do lado dos projectistas também há incompetência, mas aí é mesmo ou por interesses ou ignorância. São os maus profissionais.