Final Fantasy VIII é um RPG lançado no final de 1999 pela editora e produtora Squaresoft (atual Square Enix) para a consola PlayStation.
O desenvolvimento de Final Fantasy VIII começou em 1997, durante a localização da versão americana de Final Fantasy VII. O criador da série, Hironobu Sakaguchi, foi apenas o produtor executivo, pois na altura estava focado no desenvolvimento do filme Final Fantasy: The Spirits Within, deixando a produção e direção do projeto Final Fantasy VIII nas mãos de Yoshinori Kitase.
Desde o início, Kitase queria uma temática que combinasse fantasia e realismo. Para este fim, pretendia incluir um elenco de personagens que pareciam ser pessoas comuns, de forma a que os jogadores mais facilmente se revessem nelas, criando um maior afeto para com as personagens do jogo. Para este objetivo ser atingido, muito contribuíram Tetsuya Nomura (caracter design) e Yusuke Naora (diretor de arte), que se esforçaram para incluir no jogo personagens mais realistas, pondo um fim ao estilo dos personagens super deformed utilizados nos títulos anteriores. Além disso, Naora tentou aumentar o realismo do mundo através de uma brilhante iluminação para a época, com efeitos luz e sombras excelentes. Outra medida incluída foi a utilização de tecnologia motion capture para dar ao jogo personagens com movimentos mais reais, quer no próprio jogo e nas sequências em FMV.
O escritor do enredo jogo, Kazushige Nojima, afirmou que o objetivo da equipa de produção era que o personagem principal, Squall, fosse calmo, tímido e introspetivo, de forma a ser mais simples para o jogador saber o que o heroi está a sentir. Esta abordagem sobre Final Fantasy VIII é refletida pelo uso frequente de diálogos que tem lugar apenas na mente de Squall, permitindo que o jogador leia o seu pensamento e compreenda o que ele está a pensar e a sentir.
Um dos pontos mais fortes do jogo é o seu excelente enredo, que nos prende desde a primeira FMV, De forma muito resumida, e para não spoilar que ainda não jogou FFVIII, a história desenrola-se em redor de Squall Leonhart, um jovem mercenário SeeD pouco sociável conhecido como "Lobo Solitário", que sem saber muito bem como, acaba por se envolver num conflito global contra uma feiticeira que manipula guerras e pessoas para controlar o Mundo. Em FFVIII a Square conta-nos uma bonita história de amor, coragem e amizade.
O jogo passa-se num cenário futurístico, com pequenos traços medievais. As Eras são dividas de acordo com a feiticeira de cada época. Narra-se a passagem dos poderes da feiticeira Edea para Rinoa Heartilly, e as tentativas de feiticeira Ultimecia, do futuro, de comprimir o tempo e dominar o presente, utilizando os poderes da feiticeira Adel, que permanecia congelada e aprisionada numa base espacial. A introdução ao jogo em si é dada a partir de uma animação em CG, com elementos de um teaser. Esta animação actua como uma sinopse do enredo. Também é feita a apresentação à história que se dá início logo após a animação, que mostra uma batalha entre o protagonista Squall Leonhart e Seifer Almasy. Posteriormente é revelado que a batalha travada entre os dois fazia parte de um treino para o teste SeeD.
A excelente Edição especial que saiu no lançamento
Final Fantasy VIII foi dos primeiros jogos da série a usar personagens com proporções realistas, um sistema de combate que não envolve o tradicional MP (Mana Points), grupos de personagens que nos seguem para onde quer que vamos e um sistema de armamento muito mais simplificado e realista e acompanhado com as melhores Cutscenes da época para a consola.
Excelentes dialógos, com momentos de húmor à mistura
À semelhança do capítulo anterior, Final Fantasy VII, os cenários são pré-renderizados. A principal diferença neste setor reside no facto de, pela primeira vez na série, estarem visíveis todos os membros da equipa, em vez de apenas o personagem principal (ou o primeiro membro). Ao contrário dos RPG tradicionais, em FFVIII não se recebe dinheiro nos combates, com os nossos personagens a receberem um salário em determinados intervalos de tempo, que varia em função do seu nível SeeD.
Como já é apanágio em FF, a OST é soberba. O compositor regular da série
Nobuo Uematsu escreveu e dirigiu a banda sonora de Final Fantasy VIII, que foi lançado em quatro discos compactos pela DigiCube no Japão, e pela Square EA na América do Norte e uma colecção de arranjos em piano realizado pelo Shinko Ogata, foi lançada com o título de "Piano Collections: Final Fantasy VIII".
Esse jogo foi também o primeiro a receber uma música cantada, lançada como single no Japão para divulgar o jogo, "Eyes on me", cantada por Faye Wong, e que também foi a primeira música de um jogo a entrar nas paradas e ser premiada. A partir de então, músicas cantadas apareceram nos jogos seguintes da série. Mesmo assim, convém frisar que seu antecessor já apresentava uma música com algum apoio vocal e em Final Fantasy VI chegou a ser composta uma letra para a magnifica cena da ópera.
As músicas "Liberi Fatali", e "Eyes On me" tornaram-se duas das canções mais conhecidas da série. A última canção foi lançada em CD no Japão e vendeu mais de 400.000 exemplares, estabelecendo o recorde de OST de videojogo mais vendido na época. A fama de "Liberi Fatali" foi tal, que o tema foi escolhido para ser tocado durante as Olimpíadas 2004, em Atenas, durante o evento de natação sincronizada feminina.
Melhor mini-jogo de sempre num RPG
Uma das maiores inovações do jogo foi a inclusão de um dos mini-jogos mais viciantes de sempre da história dos RPGs: o Triple Triad, que consistia num jogo de cartas, que tem por objetivo virar as cartas do oponente numa grelha de 3x3, com as cartas a representarem as várias personagens e monstros do jogo. Passei horas e horas a fazer jogos de cartas contra os NPCs do jogo para tentar completar a coleção.
Final Fantasy VIII recebeu comentários muito positivas pelos críticos e foi bem sucedido comercialmente, vendendo quase 9 milhões de cópias em todo o mundo. No entanto, apesar disto não está isento de criticas, com o sistema de combate baseado em Draws e no uso excessivo dos Guardian Force (GFs) a ser criticado por muitos.
Final Fantasy VIII tinha uma tarefa muito ingrata ao suceder a um dos jogos mais bem-amados e revolucionários da indústria, estando sujeito a comparações nem sempre muito justas. Final Fantasy VIII apresenta uma história muito boa, um excelente leque de personagens e uma OST de sonho sendo, por direito próprio, um dos melhores RPGs do seu tempo, merecendo o estatuto de clássico. Eu comprei-o mal saiu e não descansei enquanto não o terminei, tendo sido dos jogos que mais horas correram na minha caixinha cinzenta da Sony. Um jogo imprescindível para quem gosta de RPGs.
Final Fantasy Retrospective