Primeiro emprego na Área da Programação

itsKiro

Membro
Boa tarde, eu estou a criar este tópico apenas para ter um consenso do que nós todos passamos quando finalmente conseguimos o primeiro emprego... para isso vou tentar dar aqui um pouco da minha história pessoal também para também saber o que estou a fazer de errado ou certo.

Eu coloquei os pés na área na altura em que fiz 20 anos. Estava a precisar de um recomeço em todos os níveis e estava trancado por uma disciplina no liceu (Biologia) e portanto não conseguia seguir para a faculdade. Dei entrada numa profissional com a ideia de fazer talvez o primeiro ano do curso de Programação ao mesmo tempo que tentava inscrever-me nos exames... até que comecei a gostar do curso. Apesar de estar efetivamente rodeado de míudos e graúdos na altura (eu não era o mais velho no curso surpreendentemente) eu na altura segui com o curso ao ponto de ir até para estágio profissional fora do país e até mesmo entrei na criação de jogos (Unity C#) para o meu projeto final pois foi uma área que me interessou e consegui que os meus professores gostassem do que eu criei como projeto final (fiz na altura um jogo de telemóvel).

Entretanto, aos meus 23 (último ano do curso) segui finalmente para a faculdade onde quis tirar um curso CTesP onde encontrei outro calcanhar de Aquiles: Redes de Computadores. Um senhor que não teve problemas em chumbar uma turma inteira e portanto muitos de nós atrasou o curso um ano na conta desse senhor... Na programação propriamente dita eu fui conseguindo aproveitamento nas linguagens Java, C, o tipico HTML, CSS e Javascript e tive muitas noções de base de dados SQL.

Entretanto no que supostamente ia ser o meu último ano do curso eu entrei em contacto com várias empresas e encontrei uma startup para criação de jogos onde tive a minha primeira experiência no trabalho propriamente dito. Tive o meu primeiro contacto com uma situação meio abusada em que um dos programadores já não era pago há 2 meses e na altura que eu entrei, ele saíu deixando apenas um dos devs principais e, sinceramente, nunca vi uma pessoa tão stressada. O trabalho era lento, ninguém era pago e era-nos exigido trabalho de sol a sol... o qual eu cheguei ao ponto de recusar pois sou estagiário.

Fiz muitas horas a mais mas nunca me entreguei por completo ao serviço pois vi logo por onde isto estava a ir, havia um jogo em produção, mas o senhor esperava um produto praticamente completo para começar a propaganda ao invés de pegar na ideia e vendê-la para começar a financiar a equipa. Enfim... acabou comigo a ser despedido dum estágio o que nunca me tinha acontecido. Falei com a faculdade, expliquei toda a situação e o estágio foi dado como inválido o que acabou por atrasar-me mais um ano. No entanto acho que foi o melhor que podia fazer pois hoje em dia não vejo mais a empresa e portanto o futuro era tremendamente incerto.

No ano seguinte fui colocado noutra empresa a fazer estágio, empresa essa que já estava mais que formada e onde me foi dado o desafio de "criar um website ou uma aplicação para fazer deteção de computadores na rede da empresa". Neste estágio correu tudo bem e aprendi tudo e mais alguma coisa embora que foi tudo fora da minha zona de conforto (Redes de Computadores ainda hoje me dá PTSD) devido à natureza da aplicação aqui proposta...

A apresentação final correu bem, o trabalho fluiu e o aproveitamente foi bom, no entanto não me deu emprego apesar de acabar o curso com nota 18 no estágio. Entretanto o COVID bateu e lá começou a minha temporada de treino + enviar CVs a tudo o que encontrava.

Entretanto devido ao COVID eu comecei a diversificar pois, como tecnicamente não sou licensiado e não conseguia empregabilidade na área, comecei a fazer cursos do instituto de emprego para ganhar algum enquanto procurava trabalho. Até que, ano e meio adentro do COVID, aparece-me uma pessoa a procurar possíveis estagiários para programação... e lá voltou o bichinho novamente ao meu cérebro.

Eu tentei procurar múltiplas vezes por empregos em outras áreas (transportes, lojas, super mercados, etc) mas acabava sempre agarrado novamente a um computador. Portanto decidi aceitar a oportunidade apesar de que teria de mudar de cidade para um estágio destes... o que neste país basicamente, com contratos de arrendamento, equipar casa, comprar comida e estagiar eu basicamente passei um ano a pagar para trabalhar.

Atualmente estou a terminar o estágio profissional e obtive um aproveitamento positivo apesar do meu background. Evolui bastante pois a aplicação trabalhada envolve C#:
Tive um curso intensivo de Visual Studio, C# .NET, classes, subclasses, SQL, LINQ, Windows Forms, Syncfusion, entre muitas outras e, se continuar, vou aprender conceitos de arquitetura para a aplicação pois vamos refatorizar muito do programa.

Mas o programador mestre passar a trabalhar apenas quando está livre (ele saíu da empresa oficialmente), eu a aprender e a ser pressionado constantemente para fazer mais horas de trabalho e melhor, o facto de estar constantemente a ser pressionado para trabalhar horas de manhã, tarde e noite (o que já fiz imenso mas o patrão tem tendência a esquecer) para no final receber 850 euros no final do mês faz-me pensar que não tenho mais a certeza de querer continuar e que seria mais feliz a trabalhar num super mercado ao invés de bater constantemente nestas situações em que me deparo nos meus 30s sem tempo para família e amigos se fizer as vontades todas ao meu patrão.

Portanto... após esta história um pouco resumida demais eu faço algumas perguntas:
- Isto é tipico para quem está a entrar na área?
- Será que faço mal em impôr horários e prazos de entrega realistas?
- Isto será algum mecanismo de defesa meu? É que tenho o patrão a dizer que a minha atitude tem de mudar em relação ao trabalho.

O meu grande medo agora é que eu vou de férias e vou esperar pela decisão do patrão em relação a contratos, se ele disser que sim eu sei que volto ao mesmo. Se ele disser que não eu não sei que fazer.

Eu só queria uma oportunidade de trabalho em regime remoto em que pudesse fazer o meu trabalho em paz mas volta e meia atiram-me com stress apesar do software até estar bem.

Não sei exatamente se este tipo de tópico é bom para o forum mas acho que quem entra na área deve ter de saber todos os lados de entrar neste ramo de trabalho.
 
Boa tarde, eu estou a criar este tópico apenas para ter um consenso do que nós todos passamos quando finalmente conseguimos o primeiro emprego... para isso vou tentar dar aqui um pouco da minha história pessoal também para também saber o que estou a fazer de errado ou certo.

Eu coloquei os pés na área na altura em que fiz 20 anos. Estava a precisar de um recomeço em todos os níveis e estava trancado por uma disciplina no liceu (Biologia) e portanto não conseguia seguir para a faculdade. Dei entrada numa profissional com a ideia de fazer talvez o primeiro ano do curso de Programação ao mesmo tempo que tentava inscrever-me nos exames... até que comecei a gostar do curso. Apesar de estar efetivamente rodeado de míudos e graúdos na altura (eu não era o mais velho no curso surpreendentemente) eu na altura segui com o curso ao ponto de ir até para estágio profissional fora do país e até mesmo entrei na criação de jogos (Unity C#) para o meu projeto final pois foi uma área que me interessou e consegui que os meus professores gostassem do que eu criei como projeto final (fiz na altura um jogo de telemóvel).

Entretanto, aos meus 23 (último ano do curso) segui finalmente para a faculdade onde quis tirar um curso CTesP onde encontrei outro calcanhar de Aquiles: Redes de Computadores. Um senhor que não teve problemas em chumbar uma turma inteira e portanto muitos de nós atrasou o curso um ano na conta desse senhor... Na programação propriamente dita eu fui conseguindo aproveitamento nas linguagens Java, C, o tipico HTML, CSS e Javascript e tive muitas noções de base de dados SQL.

Entretanto no que supostamente ia ser o meu último ano do curso eu entrei em contacto com várias empresas e encontrei uma startup para criação de jogos onde tive a minha primeira experiência no trabalho propriamente dito. Tive o meu primeiro contacto com uma situação meio abusada em que um dos programadores já não era pago há 2 meses e na altura que eu entrei, ele saíu deixando apenas um dos devs principais e, sinceramente, nunca vi uma pessoa tão stressada. O trabalho era lento, ninguém era pago e era-nos exigido trabalho de sol a sol... o qual eu cheguei ao ponto de recusar pois sou estagiário.

Fiz muitas horas a mais mas nunca me entreguei por completo ao serviço pois vi logo por onde isto estava a ir, havia um jogo em produção, mas o senhor esperava um produto praticamente completo para começar a propaganda ao invés de pegar na ideia e vendê-la para começar a financiar a equipa. Enfim... acabou comigo a ser despedido dum estágio o que nunca me tinha acontecido. Falei com a faculdade, expliquei toda a situação e o estágio foi dado como inválido o que acabou por atrasar-me mais um ano. No entanto acho que foi o melhor que podia fazer pois hoje em dia não vejo mais a empresa e portanto o futuro era tremendamente incerto.

No ano seguinte fui colocado noutra empresa a fazer estágio, empresa essa que já estava mais que formada e onde me foi dado o desafio de "criar um website ou uma aplicação para fazer deteção de computadores na rede da empresa". Neste estágio correu tudo bem e aprendi tudo e mais alguma coisa embora que foi tudo fora da minha zona de conforto (Redes de Computadores ainda hoje me dá PTSD) devido à natureza da aplicação aqui proposta...

A apresentação final correu bem, o trabalho fluiu e o aproveitamente foi bom, no entanto não me deu emprego apesar de acabar o curso com nota 18 no estágio. Entretanto o COVID bateu e lá começou a minha temporada de treino + enviar CVs a tudo o que encontrava.

Entretanto devido ao COVID eu comecei a diversificar pois, como tecnicamente não sou licensiado e não conseguia empregabilidade na área, comecei a fazer cursos do instituto de emprego para ganhar algum enquanto procurava trabalho. Até que, ano e meio adentro do COVID, aparece-me uma pessoa a procurar possíveis estagiários para programação... e lá voltou o bichinho novamente ao meu cérebro.

Eu tentei procurar múltiplas vezes por empregos em outras áreas (transportes, lojas, super mercados, etc) mas acabava sempre agarrado novamente a um computador. Portanto decidi aceitar a oportunidade apesar de que teria de mudar de cidade para um estágio destes... o que neste país basicamente, com contratos de arrendamento, equipar casa, comprar comida e estagiar eu basicamente passei um ano a pagar para trabalhar.

Atualmente estou a terminar o estágio profissional e obtive um aproveitamento positivo apesar do meu background. Evolui bastante pois a aplicação trabalhada envolve C#:
Tive um curso intensivo de Visual Studio, C# .NET, classes, subclasses, SQL, LINQ, Windows Forms, Syncfusion, entre muitas outras e, se continuar, vou aprender conceitos de arquitetura para a aplicação pois vamos refatorizar muito do programa.

Mas o programador mestre passar a trabalhar apenas quando está livre (ele saíu da empresa oficialmente), eu a aprender e a ser pressionado constantemente para fazer mais horas de trabalho e melhor, o facto de estar constantemente a ser pressionado para trabalhar horas de manhã, tarde e noite (o que já fiz imenso mas o patrão tem tendência a esquecer) para no final receber 850 euros no final do mês faz-me pensar que não tenho mais a certeza de querer continuar e que seria mais feliz a trabalhar num super mercado ao invés de bater constantemente nestas situações em que me deparo nos meus 30s sem tempo para família e amigos se fizer as vontades todas ao meu patrão.

Portanto... após esta história um pouco resumida demais eu faço algumas perguntas:
- Isto é tipico para quem está a entrar na área?
- Será que faço mal em impôr horários e prazos de entrega realistas?
- Isto será algum mecanismo de defesa meu? É que tenho o patrão a dizer que a minha atitude tem de mudar em relação ao trabalho.

O meu grande medo agora é que eu vou de férias e vou esperar pela decisão do patrão em relação a contratos, se ele disser que sim eu sei que volto ao mesmo. Se ele disser que não eu não sei que fazer.

Eu só queria uma oportunidade de trabalho em regime remoto em que pudesse fazer o meu trabalho em paz mas volta e meia atiram-me com stress apesar do software até estar bem.

Não sei exatamente se este tipo de tópico é bom para o forum mas acho que quem entra na área deve ter de saber todos os lados de entrar neste ramo de trabalho.

Primeiro, que grande muralha de texto lol
Relativamente às tuas perguntas, é totalmente da praxe como estagiário a entrar na área ser explorado e serem-te pedidas horas extra que NÃO vão ser remuneradas. A mim também me foi pedido e eu ia fazendo, infelizmente.

Na minha opinião, se não te pagam as 9/10/11 horas, não as trabalhes. Faz o teu horário e pronto, mas mentaliza-te que isto vai provavelmente pôr um alvo nas tuas costas 🤷‍♂️

O teu chefe manda piadas? Deixa mandar.
A verdade é que provavelmente precisam mais de ti do que tu deles, portanto o jogo é teu.
 
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